08/01/2016

ABUTRE

Abutre é o nome vulgar dado às aves falconiformes da família Accipitridae, de hábitos necrófagos, conhecidas também como abutres-do-velho-mundo. Os abutres assemelham-se exteriormente aos urubus e condores (os abutres-do-novo-mundo), mas estes pertencem à família Cathartidae. Os abutres são aves de grande envergadura, usando correntes de ar quente para planar, têm cauda pequena e geralmente são desprovidos de penas na cabeça.
Os abutres são mais longevos em relação a outras aves, chegando a viver 30 anos em cativeiro.
Na Mitologia Oriental e Egípcia
Nos antigos Hieróglifos Egípcios, o termo "Mãe" era representado por um abutre - tome-se, como exemplo, a deusa Mut (também chamada "A Mãe dos Deuses") que tem no seu nome, em escrita Hieroglifica, esta imagem representativa. A conotação entre os dois termos ("mãe" e "abutre") devia-se à crença antiga (não apenas egípcia, mas também partilhada com outras civilizações a Oriente) de que só existiam, entre estas aves, indivíduos do sexo feminino. A fecundação (necessária à propagação da espécie - facto não ignorado pelos povos descritos) ocorreria numa altura em que as aves deixariam que o vento as fecundasse enquanto voavam. É interessante perspectivar a existência de uma associação entre a "Mãe dos Deuses" egípcia, Mut, e a palavra "Mãe" em Latim, "mater", em grego, "μητέρα" (foneticamente, para o português, "mitéra") e mesmo noutras línguas do norte da Europa.
A deusa Ísis, Mãe de Hórus ( - facto que a leva a incorporar alguma da personalidade de Mut) também é representada deste modo. Vejam-se, por exemplo, os diversos sarcófagos expostos em Londres (galeria Egípcia do British Museum) ou Turim (Museu Egípcio de Turim) em que os tampões superiores contêm geralmente a representação de Ísis com as suas asas de abutre envolvendo a Múmia - observe-se também que Ísis é ocasionalmente representada como um abutre sobrevoando o corpo de Osíris (conotação com a sua representação no sarcófago, em que "sobrevoa" o corpo mumificado - e conotação com a realidade hoje em dia conhecida do animal que é, por natureza, um necrófago e, consequentemente, tem tendência para sobrevoar cadáveres). A própria origem do termo "sarcófago" (que significa, na nossa linguagem, "comedor de carne") poderá ter relação com as representações recorrentes de Isís sobre a forma de abutre que se encontram nestes contentores funerários, como referido - salienta-se, portanto, a relação que existe entre o atributo de "necrófago" do animal e o atributo de "comedor de carne" do sarcófago.
A ideia de uma "Mãe" fecundada pelo vento (e tenha-se que "vento" seria representativo de "espírito" ou "anima", na Antiguidade) não é algo exclusivo da religião Egípcia. Esta ideia está, na realidade, representada em religiões a Oriente e a Ocidente, algumas das quais ainda subsistem.
Géneros e espécies
Gypaetus
G. barbatus - Abutre-barbudo ou quebra-ossos
Gyps
G. africanus - abutre-de-rabadilha-branca
G. fulvus - grifo
G. coprotheres - abutre-do-cabo
G. bengalensis - abutre-indiano
G. ruepellii - grifo-de-rüppell
G. himalayensis - grifo-dos-himalaias
Torgos
T. tracheliotus - abutre-real
Aegypius
A. monachus - abutre-negro
Neophron
N. percnopterus - abutre-do-egipto
Gypohierax
G. angolensis - abutre-das-palmeiras
Necrosyrtes
N. monachus - abutre-de-capuz
Trigonoceps
T. occipitalis - abutre-de-cabeça-branca

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