28/12/2015

DRAGÃO DE KOMODO





Dragão-de-komodo ou crocodilo-da-terra (VARANUS KOMODOENSIS) é uma espécie de lagarto que vive nas ilhas de KOMODO, RINCA,GILI MOTANG e Flores, na Indonésia. Pertence à família de lagartos-monitores VARANIDAE, e é a maior espécie de lagarto conhecida, chegando a atingir 2 – 3 m de comprimento e 110 kg de peso. O seu tamanho invulgar é atribuído a gigantismo insular, uma vez que não há outros animais carnívoros para preencher o nicho ecológico nas ilhas onde ele vive, e também ao seu baixo metabolismo. Como resultado deste gigantismo, estes lagartos, juntamente com as bactérias simbiontes, dominam o ecossistema onde vivem. Apesar dos dragões-de-komodo comerem principalmente carniça, eles também caçam e fazem emboscadas a presas incluindo invertebrados, aves e mamíferos.
A época de reprodução começa entre maio e agosto, e os ovos são postos em setembro. Cerca de vinte ovos são depositados em ninhos de MEGAPODIIDAE abandonados e ficam a incubar durante sete a oito meses, e a eclosão ocorre em abril, quando há abundância de insetos. Dragões-de-komodo juvenis são vulneráveis e, por isso, abrigam-se em árvores, protegidos de predadores e de adultos canibais. Demoram cerca de três a cinco anos até chegarem à idade de reprodução, e podem viver até aos cinquenta anos. São capazes de se reproduzir por partenogénese, no qual ovos viáveis são postos sem serem fertilizados por machos.
Os dragões-de-komodo foram descobertos por cientistas ocidentais em 1910. O seu grande tamanho e reputação feroz fazem deles uma exibição popular em zoológicos. Na natureza, a sua área de distribuição contraiu devida a atividades humanas e estão listadas como espécie vulnerável pela UICN. Estão protegidos pela lei da Indonésia, e um parque nacional, o Parque Nacional de KOMODO, foi fundado para ajudar os esforços de proteção.
O dragão-de-komodo é conhecido, para os nativos da ilha de KOMODO, como ora, BUAYA DARAT  (crocodilo da terra) ou BIAWAK RAKSASA (monitor gigante).
Descrição 

Detalhe da pele de um dragão-de-komodo.
Robusto e com aparência de dinossauro, pode medir até 3 m de comprimento e pesar até 100 kg. A cor de sua pele é cinzenta e marrom. Sua dieta baseia-se em porcos selvagens (javalis), cabras, veados, búfalos, cavalos, macacos, dragões-de-komodo menores, insetos e até seres humanos. Também se alimenta de carniça de animais e, com o seu faro, pode localizar uma carcaça de animal a quilômetros de distância, sendo capaz de devorá-la por completo.
Cada uma das quatro patas do dragão-de-komodo possui cinco garras. No interior de sua mandíbula habitam bactérias letais, sendo que os animais que conseguem escapar de suas garras acabam morrendo por infeções. Para se alimentar de animais vivos, o dragão derruba a sua vítima com a sua cauda e depois corta-o em pedaços com os dentes. Quando trata-se de animal grande, como um búfalo, o dragão ataca-o sorrateiramente com uma mordida e espera o animal morrer pela infeção produzida pelas bactérias. O lagarto segue a vítima durante algum tempo até que a infeção se encarrega de prostrá-la, quando é então calmamente devorada. Costuma comer primeiro a língua e as entranhas, suas partes preferidas.
São ovíparos, colocando de quinze a trinta e cinco ovos por fêmea, na areia, ao final da estação das chuvas. Os ovos abrem-se depois de seis a oito semanas. Ao nascer, os pequenos dragões têm de 20 a 25 cm de comprimento. Vivem, em média, cinquenta anos. Nas ilhas onde são encontrados, os dragões-de-komodo são uma grande atração turística, apesar de haver registro da morte de um turista atacado por um dragão. Entretanto, normalmente não são animais agressivos, já que os habitantes locais convivem com eles diariamente nas praias.

Dragões de KOMODO.
Existem outras espécies de lagartos gigantes, como o VARANUS GRISEUS, que é um animal terrestre, e o VARANUS NILOTICUS, que é um réptil com hábitos anfíbios, passando boa parte de sua vida na água. Vivem na África, sul da Ásia, Indonésia e Austrália. Variam muito de tamanho. O menor deles apresenta apenas 20 cm de comprimento.
Dois casos de partenogénese desta espécie foram documentados em 2006.
Sentidos

Um dragão-de-komodo a apanhar sol.
O dragão-de-komodo usa a sua língua para detetar estímulos de sabor e cheiro, tal como em muitos outros répteis, com o sentido VOMERONASAL usando o órgão de JACOBSON, um sentido que ajuda a navegação no escuro.

Um dragão-de-komodo na Ilha KOMODO usa a língua para amostrar o ar.
Com a ajuda de um vento favorável e do seu hábito de balançar a cabeça de um lado para o outro enquanto anda, os dragões-de-komodo são capazes de detetar carcaças a uma distância de 4-9,5 km .
As narinas do dragão não são úteis para cheirar, pois estes animais não têm diafragma. Apresentam apenas algumas papilas gustativas na parte de trás da sua garganta. As escamas, algumas reforçadas com osso, têm placas sensoriais ligadas a nervos que facilitam o sentido do tato. As escamas à volta das orelhas, lábios, queixo e das solas dos pés podem ter três ou mais placas sensoriais.
O dragão-de-komodo não possui um sentido da audição particularmente apurado, apesar do canal auditivo ser bem visível, e é só capaz de ouvir sons entre os 400 e os 2000 hertz . É capaz de ver até aos 300 m mas, como as suas retinas só possuem cones, julga-se que tenham má visão noturna. O dragão-de-komodo é capaz de ver a cores, mas tem pouca discriminação visual de objetos estacionários.
Anteriormente, pensava-se que o dragão-de-komodo era surdo, pois um estudo relatou ausência de agitação em dragões-de-komodo selvagens em resposta a sussurros, vozes alta ou gritos. Isto foi contestado quando JOAN PROCTOR, empregada do Zoológico de Londres, treinou uma  espécime em cativeiro para sair da sua toca à espera de comida, depois de ouvir a sua voz e mesmo que ele não a conseguisse ver.
Evolução
O desenvolvimento evolutivo do dragão-de-komodo teve início com o género VARANUS, que se originou na Ásia há cerca de 40 milhões de anos e migrou para a Austrália. Há cerca de 15 milhões de anos, uma colisão entre a Austrália e o Sudoeste Asiático permitiu que os VARANIDEOS se deslocassem para o que é agora o arquipélago indonésio. Crê-se que o dragão-de-komodo se diferenciou dos seus ancestrais australianos há 4 milhões de anos, estendendo a sua área de distribuição para Este até à ilha de Timor. O fim da Idade do Gelo, com a subida dramática do nível da água do mar, formou as ilhas onde os dragões-de-komodo habitam, isolando-os na sua área de distribuição atual
Ecologia
O dragão-de-komodo prefere lugares quentes e secos e tipicamente vive em zonas de pasto abertos, savana e floresta tropical em elevações baixas. Sendo um animal ectotérmico  (pecilotérmico), está mais ativo durante o dia, apesar de exibir alguma atividade noturna. Os dragões-de-komodo são maioritariamente solitários, juntando-se com outros apenas para acasalar e comer. São capazes de correr rapidamente em curtos disparos, até 20 km por hora, mergulhar até 4,5 m e trepar a árvores enquanto novos usando as suas garras. Para apanhar presas que estão fora do alcance, os dragões-de-komodo pode erguer-se nas suas patas traseiras e usar a sua cauda como apoio. Quando o dragão-de-komodo atinge o estado adulto, as suas garras são usadas primariamente como armas, pois o seu grande tamanho faz com que trepar a árvores não seja prático.
O dragão-de-komodo, para se abrigar, cava buracos com os seus membros anteriores e garras, que podem medir de 1 a 3 m de largura. Devido ao seu grande tamanho, e hábito de dormir nestas covas, é capaz de conservar o calor corporal durante a noite diminuindo o tempo que precisam de estar ao sol para manter a temperatura corporal no dia seguinte. O dragão-de-komodo caça tipicamente durante a tarde, mas permanece na sombra durante a parte mais quente do dia. Estes locais de repouso especiais, normalmente localizados em falésias expostas à brisa fria do mar, são marcados com fezes e a vegetação é eliminada. Servem também como local estratégico de onde emboscar veados.
Veneno e bactérias
Em finais de 2005, investigadores da Universidade de Melbourne concluíram que o VARANUS giganteus, uma outra espécie de monitor, e AGAMIDAE podem ser venenosos. Pensava-se que mordeduras feitas por estes lagartos propiciavam infeções por causa das bactérias presentes na boca dos animais, mas a equipe de pesquisa mostrou que os efeitos imediatos eram causados por envenenamento ligeiro. Mordeduras em dedos de humanos por VARANUS VARIUS, um dragão-de-komodo e por um VARANUS SCALARIS foram observadas, e todas produziram resultados semelhantes em humanos: inchaço rápido no espaço de minutos, interrupção localizada da coagulação do sangue, dor fulminante até ao cotovelo, alguns sintomas durando várias horas.
Os dragões-de-komodo possuem também bactérias na sua saliva, das quais foram isoladas mais de 28 estirpes Gram-negativas e 29Gram-positivas. Estas bactérias provocam septicémia nas suas vítimas; se uma mordidela inicial não matar a presa e ela escapa, irá normalmente sucumbir no espaço de uma semana devido à infeção resultante. As bactérias mais mortíferas na saliva destes animais parecem ser uma estirpe altamente mortífera de PASTEURELLA MULTOCIDA, segundo estudos realizados com ratos de laboratório. Não há nenhum antídoto específico para as mordeduras de dragões, mas é normal sobreviver-se, se a área afetada for limpa e o paciente for tratado com antibióticos. Se não for tratado rapidamente, pode desenvolver-se gangrena à volta do local ferido, o que pode requerer que a área afetada seja amputada. Como estes lagartos parecem ser imunes aos seus próprios micróbios, muita pesquisa tem sido feita à procura da molécula antibacteriana na esperança que seja útil para a medicina humana.


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